Edifício Residencial Weefor
Curitiba, Brasil
Curitiba, Brasil
A cidade, o habitar e o cuidar
A cidade: conexão e conforto
O projeto partiu da diretriz conceitual de um edifício de habitação coletiva que beneficiasse a rua -“o lado de fora” – conservando o direito à intimidade e conforto do morador: “o lado de dentro”. A proposta para o edifício, situado na esquina das ruas Mato Grosso e Goiás no bairro Água Verde numa ZR4 em Curitiba, estabelece grandes aberturas para o exterior na forma de extensas varandas residenciais que acompanham o perímetro externo da edificação com a rua, com a intenção clara de reforçar a conexão do morador com a cidade, permitir visuais de vegetação frondosa para o interior, além de garantir a orientação oeste, norte e nordeste para os cômodos principais dos apartamentos.
Paralelamente ao estabelecimento das questões relacionais com a rua e a orientação solar, a acomodação do projeto ao terreno contemplou uma inserção específica do pavimento do nível térreo em relação à cota mais alta da esquina, de forma a atender plenamente a legislação na área total computável permitida (com compra de potencial). Com esta inserção a escala resultante do edifício é a cotidiana, favorecendo “os olhos para a rua” e os acessos de pedestre em nível. Ambos subsolos ventilam naturalmente, sendo apenas um dos acessos com rampa. Ao todo foram projetadas 51 unidades residenciais distribuídas em 8 pavimentos, com vagas de estacionamento privativo, e proporção de eficiência mínima de 68% da área privativa sobre a total.
O habitar: espacialidade, flexibilidade e privacidade
As tipologias habitacionais projetadas favorecem o modo de morar contemporâneo: espaços de metragem quadrada reduzida com espacialidade ampliada pelas aberturas e varandas com vistas para a cidade; flexibilidade das divisórias internas que possibilitam a integração de ambientes e atividades domésticas (sala, copa e cozinha integrados); além de painéis de fachada móveis, que servem para o controle da incidência solar e dos gradientes de privacidade interna desejados.
A habitabilidade é favorecida pela abundância de iluminação solar em salas e quartos, sendo a ventilação cruzada obtida naturalmente pelo teto rebaixado que une corredores e salas. Já a ventilação das áreas úmidas (cozinha, armário-lavanderia e banheiros) é feita pela tecnologia de dutos verticais de exaustão e ventilação forçada. Por questões de sustentabilidade e economia, o aquecimento de água é centralizado através de uma caldeira no subsolo, e os aquecedores de passagem podem ser carregados pelas 15 placas solares dispostas na cobertura.
O cuidar: simplicidade, sustentabilidade e colaboração
A estrutura em concreto armado (lajes protendidas e pilares) é a mesma do subsolo à cobertura, sem necessidade de transições, o que confere economicidade e fácil exequibilidade ao projeto. As vedações são em alvenaria convencional para o perímetro externo e divisões entre apartamentos; no entanto as divisórias internas são em dry-wall para possibilitar rearranjos internos. Os aspectos estéticos resultam das decisões de projeto: a variabilidade de tipologias do interior, a opção por deixar visível a horizontalidade das lajes aparentes entre os andares, as extensas varandas com guarda corpo metálicos, e a mobilidade dos painéis para controle solar feitos em madeira tratada. A simplicidade dos acabamentos propicia a durabilidade dos materiais, agilidade construtiva e a diminuição nos cuidados com a manutenção do condomínio.
Para obedecer às normas municipais atuais, os subsolos contêm reservatórios de contenção de cheias (compensando a taxa de permeabilidade do terreno), e um reservatório de reuso e aproveitamento de água da chuva.
O térreo com acesso totalmente em nível torna o edifício inclusivo. A segurança da portaria pode ser feita através de dispositivos de vigilância remota. As áreas de recreação coberta e descoberta possibilitam áreas destinadas para academia, salão de festas e espaço exclusivo de apoio para funcionários. Como inovação, na busca por uma relação condominial mais colaborativa e sustentável, foram propostas uma lavanderia comunitária e uma área descoberta de compostagem de lixo orgânico.
A inserção de um edifício com visuais para a cidade durante o dia e como fonte de luz e segurança durante a noite, relacionam o ato de habitar ao de cuidar, reforçando no morador o seu papel de cidadão.
Ano: 2019
Local: Curitiba, Paraná, Brasil
Área: 5.990 m2